quinta-feira, 26 de março de 2009

Estaduais são um caso à parte

Finalmente o futebol brasileiro parece gozar de um prestígio que não via há algum tempo. As voltas de Ronaldo e Fred com contratos que não sejam de seis meses são apenas dois motivos para acreditar que as coisas estão melhorando. É verdade que às vésperas de qualquer Campeonato Brasileiro todo mundo se anima com os times montados, as expectativas de uma competição equilibrada e emocionante, embora a partir de julho a visão já mude com a janela do verão europeu aberta, ou melhor, escancarada.


Antes de tudo, no entanto, vêm os Estaduais. Confesso que é uma competição interessante, mais pelos muitos clássicos – casos de Rio e São Paulo – do que qualquer outra coisa. Mas alguns fatos merecem muita atenção. Simplesmente estão se tornando competições impraticáveis.


- Inchaço de clubes. Mais um absurdo da politicagem que ainda impera nas federações. É cabível ter um Campeonato Matogrossense (!), Carioca ou Gaúcho com 16 clubes? Ou um Paulista com 20, o mesmo número de participantes do Campeonato Brasileiro? E um Paranaense com 15? Ou, então, o Sul-Matogrossense, que conta com 18 times? É tudo para ter jogos em todos os meios de semana? E o excesso de jogos no calendário, como fica?


- Fórmulas de disputa. Um prato cheio de regulamentos surreais. Vejam o Paranaense. O que acham de um time descansar a cada rodada e, entre 15 clubes, menos da metade se classificar para um octogonal final? Querem mais? Que tal o líder da primeira fase (Atlético-PR) já começar este octogonal com dois pontos e ter direito ao mando de campo nos sete jogos que fará? Quase o mesmo acontece com o segundo, o Coritiba, que terá um ponto extra e seis jogos no Couto Pereira. Segundo a Federação Paranaense, um erro de digitação. Só pode ser piada de muito mau gosto.


- Arbitragem. Um caso que afeta ao Brasil inteiro. Só para citar os acontecimentos mais recentes, que tal o pênalti não dado em Kieza, do Americano, contra o Botafogo? Clique e veja o vídeo. O inverso, pelo visto, nunca foi problema em acontecer. É a velha cultura de favorecimento aos grandes, mas que está ganhando proporções maiores a cada ano.


- Por fim, os horários. Não me refiro aos jogos de 21h50m de quarta-feira, transmitidos pela TV aberta. Sábado, por exemplo, teremos um clássico no Maracanã. O horário? 20h30m. Num S-Á-B-Á-D-O. Quer mais? Que tal ocorrer junto com a Hora do Planeta, quando 36 cidades brasileiras estarão apagadas durante uma hora? O Rio de Janeiro, claro, estará nessa. Mais: qual é o objetivo de às 21h50 em dias como terça e quinta-feira? Afastar o público? Ou então às 16h em dia de semana?


Nada é como antes. Ou aprendem a unir fórmulas interessantes com boa vontade da Federação, ou os estádios continuarão vazios e o público desestimulado. A ilusão ficará somente no quesito técnico, porque ninguém agüenta mais tanta zona.

Um comentário:

  1. Realmente é um absurdo esses campeontaos estaduais. A média do Campeonato Gaúcho não passa de 4 mil pagantes por jogo. O Ulbra já levou ao seu estádio públicos de 25, 25, 40 pagantes.
    Essas fórmulas também parecem piada de mal gosto. O Campeonato Paranaense é digno de pegadinha.
    E sobre os horários. hahahaha. Realmente, um clássico às 20:30 de um sábado?! Ou pior, o Flamengo jogando às 16h, em plena quarta-feira. Este segundo é só para quem não tem nada o que fazer da vida ir ao estádio. E assim seguimos no Fantástico Mundo da Cartolagem.

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