terça-feira, 25 de agosto de 2009

Abaixo aos estaduais


Início de janeiro. Ainda em volta com contratações, os principais clubes do país reapresentam seus respectivos elencos incompletos e viajam para uma pré-temporada de no máximo 15 dias. Precoce. Mal estão de volta e já se veem com os campeonatos estaduais ocupando os domingos e quartas-feiras praticamente até maio, quando começa de fato o ano no futebol brasileiro. O mata-mata da Libertadores coincide com o afunilamento da Copa do Brasil e início do Brasileirão. Craques cada vez mais rareados ainda em território nacional, bons jogos, e muita emoção: é o ápice.

Depois, jogos em demasia do Campeonato Brasileiro, que vai perdendo sua “magia” e empolgação até chegar a Copa Sul-Americana, quando, na maioria das vezes, os clubes preferem colocá-la como segundo plano. Para, em dezembro, “comemorarem” uma das oito vagas que a competição internacional fornece. Um ciclo vicioso que não traz benefício algum.

Muito se fala de transferências para o exterior – como se fosse reversível diante do atual panorama financeiro –, mas a falta de espaço tem sido um dos maiores problemas do calendário atual. E o debate em torno da adaptação à Europa não deveria ser neste sentido.

São poucos os países que adotam a liga entre agosto e maio: Inglaterra, Espanha, Itália, França, Alemanha, Portugal, Holanda... E para onde vão nossos jogadores? Para a Ásia. Ao menos a imensa maioria deles. No caso das exceções, como Nilmar indo para o Villarreal, a saída é inevitável. Não há nem o que lamentar, visto a desigualdade que vai além do futebol. Em outros casos, boa parcela de “culpa” vai para a Lei Pelé, que obriga o clube a esconder uma grande promessa até que possa fazer um contrato duradouro e milionário. Estas ligas representam atualmente cerca de 13% das transferências para o exterior.

Na liga da Rússia, que conta com Ibson, Alex, Rafael Carioca, Wagner, Welliton e outros tantos brasileiros, o campeonato começa em março, com fim em novembro. Lá se respeita o rigoroso inverno, assim como o fazem com o verão nos países mais tropicais. No entanto, o Arquibaldos não é a favor de uma mudança radical no calendário. E, sim, de algumas adaptações cruciais.

O que fazer, então? Para quê tantas datas? As TVs não sobrevivem alguns fins de semana sem futebol? Há necessidade de 87 datas no futebol brasileiro? Qual a função dos estaduais? Iludir times mal-preparados? Nos tornaremos obsoletos pela manutenção da “tradição”? Algumas sugestões abaixo:

MESES

Janeiro: férias e pré-temporada
Fevereiro: fim da pré temporada, Recopas Sul-Americana e Brasileira, e primeiras fases da Libertadores, Sul-Americana e Copa do Brasil
Março até Setembro: Libertadores, Sul-Americana, Copa do Brasil e Brasileirão
Outubro: final da Copa do Brasil e Libertadores, Sul-Americana e Brasileirão
Novembro: finais de Libertadores e Sul-Americana e reta final de Brasileirão
Dezembro: final do Brasileirão, Mundial FIFA e férias

OBS: não haverá jogos em quaisquer datas FIFA.

CAMPEONATOS

Taça Libertadores: com uma fase pré, com os oito últimos classificados. No total, 40 clubes (32 para a fase de grupos)
Copa Sul-Americana: idêntico a Libertadores, mas com clubes diferentes. É importante para valorizar a competição, incluindo um número menor de vagas para os brasileiros.
Copa do Brasil: 256 clubes, aumentando em duas fases e dando direito a imensa maioria dos clubes profissionais a jogar. Inclusive os que disputam a Libertadores e Sul-Americana
Campeonato Brasileiro: 38 datas e 20 clubes, com jogos quase somente nos fins de semana
Mundial FIFA: O atual é ideal, com duas datas para os europeus e sul-americanos.

3 comentários:

  1. Quem me dera se fosse assim!
    Um calendário desse seria ideal para o futebol nacional!

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  2. mas ainda acho os estaduais um grande barato... outros países não tem pq são menores que o brasil, os países de tamanho compatível com o nosso não tem futebol equivalente...

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  3. Vendo pelo lado cultural até daria para manter os estaduais. Mas eles têm de ser desvalorizados e mais enxutos. 20 clubes em São Paulo é um crime. Mato Grosso do Sul teve 18 times na edição de 2009.

    O ideal seria não ocupar mais do que 14 datas.

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