sexta-feira, 21 de agosto de 2009
E lá vem o Calcio...
Permitam-me a analogia, mas o Campeonato Italiano 2009/10, que se inicia neste fim de semana, me lembra do estadual do Rio de janeiro. Em suas devidas proporções, é claro, antes que algum corneta se convença do contrário. É uma competição acima de tudo charmosa, mas com um futebol cada vez mais escasso, seja pela perda das maiores constelações, caso de Kaká e Ibrahimovic, para uma liga rival e agora superior, ou pelas péssimas arbitragens que volta e meia protagonizam escândalos.
Mas, se nos anos anteriores a Internazionale foi soberana e merecedora de, pelo menos, três dos quatro títulos conquistados – um veio no tribunal -, a atual temporada promete um equilíbrio maior com o investimento da Juventus, e do amadurecimento dos elencos de Fiorentina, Genoa e Napoli. Sem deixar de lado a Roma, que a princípio começa o campeonato renovada das inúmeras lesões que afastaram, entre outros, Totti e Juan, e o Milan, ainda uma incógnita sob comando de Leonardo.
Longe do muro, alguns pitacos sobre as perspectivas dos principais times na Terra da Bota:
Internazionale
- Se Ibrahimovic, a única baixa considerável no elenco nerazzurri, é um craque que faz diferença, Samuel Eto’o não foge da raia. E com o camaronês vieram ainda o muito bom atacante Diego Milito, Lucio, contratado a custo zero, e o volante Thiago Motta. Além do provável reforço do meia holandês Sneijder. José Mourinho continua com o melhor elenco da Itália em mãos. E com um ego do tamanho de seu currículo.
Time-base: Júlio César; Maicon, Lúcio, Chivu e Zanetti; Muntari, Cambiasso e Thiago Motta; Stankovic (Sneijder); Milito e Eto’o. Técnico: José Mourinho.
Juventus
- Além dos retornos de Cannavaro, ainda contestado por abandonar o barco em 2006, e das contratações de Felipe Melo (R$ 70 milhões) e Diego (R$ 68,8 milhões), a Juventus inicia o Calcio finalmente almejando o caneco. Maior campeã com 27 scudettos – Inter e Milan vêm bem atrás com 17 -, a Velha Senhora conta ainda com uma mudança importante na comissão técnica: o ex-zagueiro Ciro Ferrara foi efetivado no lugar do contestado Claudio Ranieri. Time pronto para render e ser liderado pelo trio brasileiro, em especial Diego, ignorado por Dunga em suas convocações. Mas quem não é...
Time-base: Buffon; Grygera, Cannavaro, Chiellini e Molinaro; Felipe Melo, Marchisio (Sissoko), Camoranesi e Diego; Amauri e Del Piero. Técnico: Ciro Ferrara.
Milan
- A grande desconfiança em cima do Milan não é razão apenas da venda de Kaká, certamente não reposta à altura, ou da aposentadoria de Maldini. A equipe do brasileiro Leonardo fez uma pré-temporada de baixíssimo futebol apresentado, e acumulou quatro derrotas, quatro empates e apenas uma vitória nos nove jogos que disputou mundo afora. Também é para lá de arriscada a aposta de que Ronaldinho irá reencontrar o futebol perdido em algumas boates de Barcelona ou Milão. De bom, a estreia de Thiago Silva, que dará outra cara à defesa junto a Nesta, e a promessa de uma boa temporada para Alexandre Pato.
Time-base: Abbiati; Zambrotta, Nesta (Onyewu), Thiago Silva e Jankulovski; Gattuso, Pirlo e Ambrosini; Ronaldinho; Pato e Huntelaar. Técnico: Leonardo.
Roma
- A Roma chega para a temporada mais fraca do que como terminou. Vendeu Aquilani ao Liverpool e, a 10 dias do fechamento do mercado, não trouxe nenhum grande jogador. Destaque, talvez, para Guberti, que foi um dos melhores da Série B pelo Bari. O clube ainda negocia uma troca entre Julio Baptista por Mancini, Suazo e Burdisso. Acho improvável. A esperança é de que Juan, Totti e companhia não se lesionem com tamanha freqüência como em 2008/2009. Caso contrário, uma vaga na Liga dos Campeões será mais uma utopia do que outra coisa.
Time-base: Doni; Motta, Mexès, Juan e Riise; Taddei, De Rossi, Pizarro e Guberti; Vucinic e Totti. Técnico: Luciano Spalletti.
Fiorentina
- Após Inter e Juventus, a Fiorentina é quem tem o elenco mais homogêneo. Perdeu Felipe Melo, mas repôs com os razoáveis Marchionni e Cristiano Zanetti. Na frente, Gilardino segue fazendo os seus gols. O técnico Cesare Prandelli, elogiado pela mídia, ainda conta com o jovem Jovetic, que pode estourar de vez e dar mais motivos para que a Viola se fixe como a terceira força da Itália nesta temporada.
Time-base: Frey; Comotto, Gamberini, Natali e Pasqual; Kuzmanovic, Montolivo; Marchionni, Mutu e Vargas; Gilardino. Técnico: Cesare Prandelli.
Genoa
- Sem Diego Milito, o Genoa investiu em outros dois argentinos para o ataque: o experiente Crespo e Rodrigo Palácio, que finalmente deixou o Boca Juniors. Thiago Motta, Ferrari e Rubinho também deixaram o clube, o que fez o time-base mudar radicalmente. Mesmo sem o elemento surpresa, acredito que os Grifoni ainda podem incomodar.
Time-base: Amelia; Sokratis, Bocchetti e Moretti; Rossi, Zapater, Kharja e Criscito; Palacio, Crespo e Palladino. Técnico: Gian Piero Gasperini.
Napoli
- Apenas o 12º colocado após bom início na temporada passada, o Napoli resolveu ir às compras. Ainda em março, veio o técnico Roberto Donadoni. E, no mercado, cinco contratações para o time titular: o goleiro De Sanctis, o zagueiro Campagnaro, o ala-direito Zuñiga, o volante Cigarini e o atacante Quagliarella. Sem contar com as permanências de Lavezzi e Hamsik. Com o apoio incondicional em San Paolo, uma briga pelo quarto lugar parece realidade.
Time-base: De Sanctis; Campagnaro, Cannavaro e Contini; Zúñiga, Gargano, Cigarini, Hamsík e Maggio; Lavezzi e Quagliarella. Técnico: Roberto Donadoni.
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